segunda-feira, 7 de março de 2011

Lixo eletrônico: existem formas de mitigar seus impactos?

Conheça os riscos do lixo formado por computadores, celulares e outros eletrônicos descartados no meio ambiente e aprenda como evitar o desperdício. Saiba ainda como descartar corretamente o seu aparelho usado.


Pense por um instante na lista enorme de computadores, celulares, câmeras digitais, MP3 players, aspiradores de pó, microondas, liquidificadores, secadores de cabelo dentre tantos outros equipamentos que já fizeram parte do seu cotidiano e hoje você não faz idéia do paradeiro!
A maioria dos eletroeletrônicos são
descartados em lixo comum
Esses são apenas alguns exemplos de aparelhos que dão vida ao crescente fenômeno conhecido como lixo eletrônico (e-wast), termo empregado para designar os produtos elétricos e eletrônicos descartados.
Nas últimas décadas, o ritmo acelerado dos avanços tecnológicos no campo dos dispositivos eletroeletrônicos torna os equipamentos, em pouco tempo, ultrapassados e ineficientes diante das exigências de seus usuários, que optam por trocá-los por modelos mais novos. Esta situação pode ser observada tanto em residências, quanto em escritórios, escolas e empresas.
Com isso a demanda mundial por aparelhos desse tipo disparou e, inevitavelmente, o volume de produtos descartados cresceu. No entanto, é preciso ter consciência de que esses equipamentos, quando descartados e substituídos por outros mais modernos, passam a oferecer sérios riscos aos seres humanos, animais e ambiente. O perigo existe porque eletroeletrônicos são produzidos com substâncias nocivas, principalmente metais pesados, e uma vez descartados de forma incorreta tornam-se grandes problemas. A contaminação se dá pelo contato direto, no caso de manipulação desses produtos em lixões a céu aberto ou indiretamente pelo contato com água, solo e alimentos contaminados, já que quando um eletrônico é jogado em lixo comum há grande possibilidade de que seus componentes tóxicos contaminem o solo chegando até o lençol freático, onde afeta também a qualidade da água.
Imagem de um despósito de lixo
eletrônico a céu aberto na China

As ameaças por trás do lixo eletrônico
O revestimento externo de um computador é feito de elementos básicos, conhecidos de todos, como plásticos e metais, e a menos que ele se quebre, raramente veremos a trama de circuitos, fios e conexões elétricas que o fazem funcionar.
Mas é exatamente nesses pequenos itens que está a maior ameaça. O perigo do lixo eletrônico deriva de elementos químicos como chumbo, mercúrio, arsênico, cádmio, cobre, berilo, bário, cromo, níquel, zinco, prata e ouro. Muitos deles são usados em placas de circuito ou fazem parte de componentes elétricos como chips de computador, monitores e fiação. Além disso, infinitos produtos elétricos incluem agentes químicos para retardar chamas e que também representam perigo para nossa saúde.
Ainda não é conhecido o nível preciso do risco da contaminação por lixo eletrônico, entretanto é seguro presumir que os resultados não serão bons.
Um exemplo é o caso do mercúrio, muito utilizado em computadores, monitores e TVs de tela plana, que pode causar danos cerebrais e hepáticos. Já o chumbo, o componente mais usado em computadores, além de televisores e celulares pode desencadear náuseas, perda de coordenação motora e memória. Em casos mais graves, pode levar ao coma e, consequentemente, à morte.
Além dos prejuízos com o descarte inadequado dos eletrônicos, muito dos materiais utilizados no computador são retirados da natureza, iniciando já na extração dano sobre o meio ambiente, sem falar na água utilizada na produção e nos impactos do transporte. Isso faz com que cada vez mais seja necessário trabalhar com a reciclagem adequada desses materiais, pois se pudermos prevenir qualquer uma das etapas da fabricação ou a contaminação do solo e da água, já teremos resultados positivos.

Regulamentação do lixo eletrônico
Pessoas manuseiam sem proteção os eletrônicos
descartados para separar seus componentes
Imagine o seguinte contexto: pilhas de televisores e monitores de computador descartados nas ruas de uma comunidade urbana de baixa renda. Para ganhar a vida, incontáveis pessoas trabalham cuidando de fogueiras a fim de remover o plástico dos cabos de cobre e que causam nuvens de fumaça tóxica. Outros trabalhadores banham placas de circuito em ácido nítrico e hidroclórico para liberar o material de solda e os metais preciosos - mas também liberam gás que lhes causa ardência nos olhos. Fragmentos plásticos são reduzidos a pedaços minúsculos e separados cuidadosamente antes de serem derretidos para produzir uma porção vendável. Ao fim do dia, os subprodutos sem utilidade, como placas de circuito calcinadas e componentes ácidos usados, são incinerados ou despejados em rios e no campo causando mais poluição.
Esses são alguns exemplos de processos de “reciclagem” que ocorrem rotineiramente em algumas regiões. Mas muitos países estão aprovando leis que tentam deter esses processos de contaminação e resolver o problema da insegurança para os trabalhadores.
Podemos citar a União Européia (UE) que já começa a aprovar leis que seguem a Convenção de Basiléia - tratado internacional firmado em 1989 que tem por objetivo fiscalizar o tráfico de lixo eletrônico no mundo - e com isso a UE desenvolveu uma série de diretrizes e regulamentos a fim de ampliar a recuperação, o reuso e a reciclagem de lixo eletrônico, assim como atribuir aos fabricantes o ônus pela reciclagem. Também aumentou a regulamentação sobre diversas substâncias comuns nesse tipo de lixo, limitou o uso dessas substâncias nos países membros e adicionalmente proibiu a exportação de resíduos prejudiciais.
Nos Estados Unidos, a briga sobre a reciclagem de material tem como base os custos para se adaptar ao processo, que demandaria mais dinheiro e não seria viável. Os EUA, inclusive, foram os únicos a não ratificar a Convenção de Basiléia. Porém, acabaram tornando-se voto vencido, e terão que se adaptar às regras para o envio de lixo eletrônico a outros países a fim de “reciclar”.
Países como Japão e China também estão desenvolvendo algumas leis relacionadas ao tema. A legislação chinesa nesse aspecto é semelhante à européia e visa impedir a importação de lixo eletrônico (ainda que continue havendo contrabando).
Já no Brasil, o Governador José Serra sancionou, em julho de 2009 no estado de São Paulo, a Lei 13.576/09 para estabelecer regras de reciclagem dos componentes eletroeletrônicos. Entretanto, a proposta não foi aprovada na sua totalidade, pois algumas cláusulas poderiam criar empecilhos para as empresas, que acabariam migrando para outros estados do país.
É importante pensarmos em uma lei federal, que ainda não existe. Através da qual, as empresas teriam que se responsabilizar pelos seus produtos durante toda a vida útil do aparelho.
Como um pequeno avanço, vale lembrar que a Universidade de São Paulo (USP) já conta com um centro de reciclagem focado apenas no lixo eletrônico que em longo prazo objetiva atender toda a população.

Onde Reciclar

Reciclar esse tipo de material é uma boa
alternativa para amenizar  problema

Felizmente já existem hoje algumas empresas que lidam com a reciclagem destes materiais, principalmente computadores. Também é possível fazer doações para organizações que trabalham com a inclusão digital.
Já os celulares fora de uso podem ser devolvidos às revendedoras representantes da operadora, assim as baterias serão encaminhadas aos fabricantes para o descarte seguro. Quanto às pilhas, o ideal é entregá-las nos postos de coleta seletiva da sua cidade, sendo é importante nunca joga-las no lixo comum e sempre evitar que crianças entrem em contato com tais produtos.
No caso dos eletrodomésticos, eles podem ser doados para pessoas carentes ou locais em que as peças possam ser reutilizadas para arrumar outros aparelhos com defeito.

E você? Anda jogando seus eletrônicos no lixo comum ou dá a eles um destino adequado? Indique aqui organizações na sua cidade que lidem com o lixo eletrônico. Todas as dicas são bem-vindas.

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