sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Cultura e sustentabilidade são protagonistas nos livros produzidos com papel sintético



A busca por soluções sustentáveis alimenta um mercado competitivo e cada vez mais criativo. Dessa vez, a intenção é dar um destino inteligente para um resíduo que aumenta a cada dia, se acumulando em aterros sanitários e lixões: o plástico pós-consumo agora pode se transformar em livros!



O selo verde identifica produtos que 
causam menos impactos ambientais
No Brasil, o primeiro livro certificado ambientalmente, lançado há 7 anos, foi o título "Intermitências da Morte" do prêmio Nobel de Literatura José Saramago. O autor português fez questão de que toda a cadeia de produção, da floresta de eucalipto à gráfica, fosse ambientalmente correta e tivesse o selo verde.

A iniciativa foi vista com bons olhos pelas gráficas e editoras, hoje já são 600 títulos e por volta de 200 mil exemplares certificados de acordo com a Companhia das Letras.

E é claro, é gratificante saber que o nosso país abriga a primeira gráfica certificada da América do Sul, que fica em Santo André, na Grande São Paulo. A empresa já distribuiu 5 milhões de livros feitos de matéria-prima certificada. 


Mas o que é o “papel amigo da Natureza”?


O material é fabricado a partir de prolipropileno e adquire aspecto semelhante ao papel couchet. O produto final é de alta qualidade, pesa menos que o papel convencional, é impermeável, não amassa ou rasga, não há interferência na resolução de desenhos e gráficos e ainda permite a escrita com caneta esferográfica, caneta de ponta porosa e grafite. Outro grande benefício é que a quantidade de tinta utilizada na impressão chega a ser 20% menor em relação ao papel comum, pois o plástico absorve menos tinta que o papel de celulose. Por fim, quando o conteúdo do livro estiver defasado ou o estrago for muito grande, ele ainda pode ser reciclado.
Livro didático de papel "amigo da natureza"


Por outro lado, o custo desse tipo de papel chega a ser 30% superior ao papel convencional, fato que ainda torna pequena sua a participação no mercado nacional. A boa notícia é que à medida que aumentar a popularidade e a demanda pelo produto, a diferença de preço tende a cair gradualmente. E já estamos nesse caminho, a produção de livros certificados vem crescendo de 20% a 30% ao ano! E o governo tem contribuído para esse crescimento, em 2010, um decreto presidencial determinou que compras públicas de livros didáticos com tiragem acima de 200 mil unidades deveriam ser impressas em papel certificado.

A tecnologia utilizada na fabricação do papel sintético é a mesma que a dos filmes flexíveis de polipropileno, um plástico de fácil modelagem e coloração, utilizado na produção de embalagens de alimentos, tubos de carga de caneta esferográfica, rótulos e até prancha de bodyboard.

Nas cooperativas, plásticos que já foram usados em sacolas, embalagens e rótulos, são separados e triturados antes de se transformar em livros. O papel sintético leva na composição 75% de embalagens plásticas descartadas pela população. Para cada tonelada produzida do Vitopaper (nome comercial da matéria prima), são em média 750 quilos de plásticos a menos nos aterros.

Como se não bastasse essa inovação ser uma alternativa sustentável de preservação ao meio-ambiente e fonte de renda para família envolvidas em cooperativa, há ainda o grande benefício de transformar lixo em cultura!