segunda-feira, 14 de março de 2011

Biocombustíveis - A solução e a causa de todos os nossos problemas

Biocombustíveis - Energia limpa
Passaram-se anos e o assunto continua em alta e não é pra menos, afinal os combustíveis fósseis, os mais utilizados, são finitos tendendo a diminuir até acabar. Além disso, são extremamente poluidores e causam sérios desequilíbrios ambientais. Com o surgimento dos biocombustíveis vislumbrou-se a solucão de todos os nossos problemas com energia, mas será que é isso mesmo que esta acontecendo?
    Os Biocombustíveis ou agrocombustíveis são fontes de energia renováveis, derivados de matérias agrícolas como plantas oleaginosas, biomossa florestal, cana-de-açúcar e outras matérias orgânicas. Em síntese, são materiais biológicos que, quando em combustão, possuem a capacidade de gerar energia para realizar trabalhos. Por ser orgânico esse tipo de combustível é tido como a promessa energética do futuro.
    Existem vários tipos de biocombustíveis: bioetanol, biodiesel, biogás, biomassa, biometanol, bioéter dimetílico, bio-ETBE, bio-MTBE, biocombustíveis sintéticos, bio-hidrogênio, gás de síntese. Mas os principais biocombustiveis são: a biomassa, o bioetanol, o biodísel e o biogás. No Brasil, desde a década de 70 com o pró alcool, o tipo mais difundido de biocombustível é o álcool proveniente da cana de açúcar.
Evolução dos biocombustíveis no Brasil


A grande solução

Biocombústíveis são fontes renováveis.
    As vantagens dos biocombustíveis, além de serem fontes renováveis, está no fato de poluírem menos, já que emitirem menos compostos do que os combustíveis fósseis no processo de combustão dos motores e também porque seu processo de produção tende a ser mais limpo. No Brasil e alguns outros países a adoção do etanol é considerada um dos principais mecanismos de combate ao aquecimento global, pois reduz as emissões de gás carbônico (CO2). Parte do CO2 emitido pelos veículos movidos a etanol é reabsorvida pelas plantações de cana-de-açúcar. Isso faz com que as emissões do do gás sejam parcialmente compensadas.
    Na comparação com o diesel de petróleo, o biodiesel também tem significativas vantagens ambientais. Estudos do National Biodiesel Board (associação que representa a indústria de biodiesel nos Estados Unidos) demonstraram que a queima de biodiesel pode emitir em média 48% menos monóxido de carbono; 47% menos material particulado (que penetra nos pulmões); 67% menos hidrocarbonetos.

Vários problemas

    Porém, no caso de bioocombustíveis produzidos através de plantações, a razão entre CO2 produzido e CO2 absorvido não é neutra, mesmo que as plantas busquem o carbono na atmosfera: é preciso ter em conta a energia necessária para a produção de adubos, para a locomoção dos tratores agrícolas, para a irrigação, para o armazenamento e transporte dos agroquímicos. Além do impacto causado pelos adubos e pesticidas utilizados, pelo consumo de água e pelo impacto na biodiversidade quando imensas zonas de cultura substituem áreas muito ricas em espécies.
Plantação de cana, vegetal muito usado na produção de bioetanol.

    Segundo o relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e da Organização das Nações Unidas para a agricultura e a Alimentação (FAO) sobre as perspectivas da agricultura mundial na próxima década, divulgado em 2007, pode-se verificar uma alta de preços para alguns produtos, com destaque para os cereais. A crescente utilização de cereais, açúcar, oleaginosas e óleos vegetais, a fim de produzir substitutos para alguns combustíveis fósseis, levará a preços mais altos das culturas, afetando, por arrasto, a alimentação animal, o que irá refletir nos custos finais. Segundo o relatório da União Européia, a quantidade de oleaginosas usadas para biodiesel deve aumentar dos atuais dez milhões de toneladas para vinte e um milhões dentro de 10 anos. Nos Estados Unidos, o etanol feito a partir do milho vai duplicar até 2016, enquanto, no Brasil, os vinte e um bilhões de litros hoje produzidos saltarão para quarenta e quatro bilhões. A fome é outra principal consequência do uso dos biocombustíveis em massa de acordo com muitos estudos atuais. Afinal, quem vai continuar no mercado de alimentos quando se pode investir no "ouro verde"?     
A produção desenfredada de biocombustíveis pode levar a alta dos preços dos alimentos.


    Ainda há a questão ambiental. Com o estímulo ao pró-álcool, grande área de Mata Atlântica foi substituída por plantações de cana de açúcar, particularmente no nordeste brasileiro. Isto acarretou graves problemas climáticos e edáficos, com elevação das temperaturas e da erodibilidade dos solos. Tanto que muitos usineiros agora têm preocupação em proteger os fragmentos que restam e recuperar áreas degradadas Até porque, hoje em dia o álcool não está dando um lucro satisfatório, como acontecia tempos atrás

Existe um meio termo?
Campo de Girassóis

    Soluções inteligentes para esses problemas são projetos que incentivem pequenas culturas, de preferência utilizando um sistema agroflorestal, que mantém a característica da paisagem natural sem deixar de lucrar com a plantação. Como por exemplo, um projeto de biocombustíveis baseado em oleaginosas, que está sendo implantado no alto oeste potiguar e visa mitigar a pobreza. As famílias vão plantar o girassol, processar o óleo em uma cooperativa, e há um acordo com a Petrobrás para a compra do produto. Ou seja, você insere os indivíduos numa cadeia produtiva fechada, que gera riqueza, minimiza a pobreza e dá dignidade aos participantes, tudo isso sem gerar grandes impactos ambientais.
Biocombustíveis podem ser solução energética.

    Pode-se investir também na produção de biodiesel a partir de algas marinhas que pouparia as terras férteis e a água doce destinadas à agricultura, essa alternativa diminuiria o impacto causado pela produção do combustível orgânico. Também seria desejável o investimento nos biocombustíveis resultantes da reciclagem dos óleos usados ou outros materiais orgânicos de descarte, processo no qual se pode considerar a existência de um balanço ambiental positivo, pois esses óleos e outros elementos poderiam ser poluentes ou ter um uso menos eficiente.

    Substituir o que resta dos biomas brasileiros por mais monoculturas de plantas exóticas, existindo altos potenciais nativos, não parece ser a estratégia mais eficiente para levar o Brasil à independência do petróleo e muito menos pode contribuir para o controle das mudanças climáticas e para a preservação ambiental. A melhor saída seria estimular sistemas agroflorestais consorciando nativas e exóticas e ao mesmo tempo incentivar a agricultura familiar de alimentos para que, como se diz por aí, “não se cobrir um santo descobrindo outro”. Acreditamos sim que os biocombustíveis possam ser uma solução interessante para o problema energético do mundo e para um ecossistema que não suporta mais tanta poluição, mas para isso deve haver muito estudo e muita precaução para não transformarmos solução inteligente em um problema em potencial.


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