O termo eólico tem sua origem no latim aeolicus
e está relacionado ao deus do vento Éolo na mitologia grega. Por esse motivo a
energia obtida pelo movimento do ar é chamada de energia eólica. Esta é uma abundante
fonte de energia renovável, limpa e disponível em diversos lugares e em
diferentes intensidades, caracterizando-se como uma excelente alternativa às
energias ditas não-renováveis.
O passo inicial para o
aproveitamento do recurso eólico como fonte de energia em uma determinada
região é uma avaliação precisa do potencial de vento da mesma. Fatores como
horário do dia, estações do ano, topografia e a rugosidade do solo afetam o
nível de produção energético. Além disso, características de desempenho, altura
de operação e espaçamento horizontal dos sistemas de conversão de vendo em
energia também ajudam a determinar quanta energia eólica estará disponível para
uso.
Os moinhos de vento surgiram na Pérsia no séc. V,
onde eram inicialmente empregados como bombas de água para a irrigação. Seus
mecanismos básicos de funcionamento não mudaram muito desde então: o vento
atinge uma hélice que, ao se movimentar, gira um eixo impulsionador de uma
bomba (gerador de eletricidade).
Produção de energia eólica em alto mar |
A utilização da energia eólica em escala comercial
começou na década de 70. Com o início da crise mundial do petróleo, houve um
interesse de países europeus e dos Estados Unidos em desenvolver máquinas para
produzir eletricidade de maneira independente do petróleo e do carvão, recursos
não renováveis em curto prazo.
Como benefícios somados à obtenção de energia,
pode-se esperar uma redução da emissão de gases do efeito estufa, a capacitação
tecnológica e a geração de emprego e renda no país.
E os impactos?
Apesar de não queimarem
combustíveis fósseis e não emitirem poluentes, fazendas eólicas (centrais
eólicas com um número considerável de turbinas) oferecem
impactos socioambientais negativos. Alteram paisagens com suas torres e hélices
e podem ameaçar pássaros se forem instaladas em rotas de migração. Emitem certo
nível de ruído (de baixa frequência), que pode causar algum incômodo. Além
disso, podem desencadear interferências eletromagnéticas, que geram
perturbações nos sistemas de comunicação e transmissão de dados (rádio,
televisão etc.).
Outro aspecto negativo é o custo de geração da
energia eólica que ainda é um dos mais caros entre as tecnologias renováveis em
nível comercial de acordo com o Ministério das Minas e Energia (MME). A boa
notícia é que o custo do aerogerador (a turbina movida pelo vento), responsável
por cerca de 70% do investimento, tende a cair consideravelmente com o
aprimoramento tecnológico e a melhoria da eficiência das máquinas. Essa redução
do custo deve-se também à existência de um mercado mundial crescente, que, nos
últimos 15 a 20 anos, quadruplicou sua potência instalada, passando de 10
gigawatts (GW) para 40 GW.
Mais um problema que pode ser citado é que a
quantidade de energia obtida varia bastante, em regiões onde o vento não é
constante, ou a intensidade é muito fraca, obtêm-se pouca energia. Por outro
lado, em períodos de chuvas muito fortes, há desperdício de energia que é
gerada em excesso. Como nem sempre há vento
disponível para gerar eletricidade por está via, o ideal é que as usinas
eólicas façam parte de um sistema integrado com outras fontes de energia, sendo
as centrais hidrelétricas uma ótima opção para complementar o abastecimento
energético, principalmente nas Américas, onde a disponibilidade de água é
favorável.
A evolução global no uso
dessa fonte de energia
A maioria das
turbinas eólicas sempre se concentrou na Europa, isso deve-se à disponibilidade
de tecnologia e busca por investimentos em energia limpa. Mas o potencial do
continente nas últimas décadas não tem se destacado como antes, já que outros
continentes também entraram no ranking de produção de energia eólica.
O continente asiático
assumiu a dianteira na produção eólica mundial e em 2009 foi responsável por
40% de todos os novos cata-ventos instalados. A maioria deles está na China. Para
complementar os grandes parques eólicos, na Ásia também são instalados
microparques eólicos, especialmente em zonas rurais sem acesso à rede elétrica.
Na América do
Sul, a utilização desse tipo de energia se desenvolve de forma mais lenta,
entre outros motivos, porque a América Latina tem grande parte de sua matriz
abastecida por usinas hidrelétrica, e assim dispõe também de um tipo energético
independente de carvão ou petróleo, fontes não renováveis em curto prazo.
No
cenário brasileiro, a participação da energia eólica na geração de energia
elétrica ainda é pequena, sendo que boa parte do nosso potencial eólico ainda
não é explorado (cerca de 8,5 mil quilômetros de costa, isso sem contar as
áreas interioranas). Estudos mostram que é possível produzir aqui no país eletricidade
a custos competitivos com centrais termoelétricas, nucleares e hidroelétricas.
Parque produtor de energia eólica próximo à foz do Rio Jaguaribe, no Ceará |
Atualmente capacidade instalada no Brasil é
de 20,3 MW, com turbinas eólicas de médio e grande porte conectadas à rede
elétrica. O estado do Ceará destaca-se por ter sido um dos primeiros locais a
realizar um programa de levantamento do potencial eólico. Com o tempo, diversos
estados brasileiros seguiram o exemplo do Ceará e hoje existem mais de cem anemógrafos
(medidores
de velocidade do vento) computadorizados
espalhados pelo território nacional.
Fora da região Nordeste, os resultados também
começam a aparecer. Em Minas Gerais, por exemplo, uma central eólica está em
funcionamento, desde 1994.
As perspectivas são
positivas
Em meio à crise energética atual, o uso do
vento como fonte energia recebe cada vez mais atenção no cenário mundial. Já
existem mais de 30 mil turbinas eólicas de grande porte em operação no mundo.
As perspectivas são de que esse recurso possa garantir 10% das necessidades
mundiais de eletricidade até 2020, criando cerca de 1,7 milhão de novos
empregos e diminuindo a emissão global de dióxido de carbono na atmosfera.
A energia eólica vive agora nova etapa de competitividade no país, com
previsão de investir, até 2020, mais R$ 40 bilhões. Essa nova fase, iniciada em
2009, totaliza a contratação de 6,7 gigawatts (GW) de potência, ao preço de R$
100 por megawatt/hora (MWh).
Os primeiros investimentos em energia eólica no país foram feitos em
2004, com subsídios do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia
Elétrica (Proinfa). Especialmente no Brasil,
a utilização da fonte eólica permitirá ganhos energéticos, uma vez que o regime
de ventos brasileiro, notadamente no Nordeste, é complementar ao regime
hidráulico (as maiores velocidades de vento no nordeste do Brasil, por exemplo,
ocorrem justamente quando o fluxo de água do Rio São Francisco é mínimo).
Fonte: Programa de Infraestrutura (Proinfra) |
Em
2012 o potencial eólico no país soma 300 GW e está concentrado, basicamente, no
Nordeste e no Sul, com destaque para os estados da Bahia, do Rio Grande do
Norte, Ceará e Rio Grande do Sul. Em 2001, esse potencial era da ordem de 143
GW.
E a
boa notícia é que, no país, o preço da energia eólica caiu a um terço do que
era a três ou quatro anos atrás – e já é bastante competitivo em relação às
outras fontes. No Brasil a energia vinda do vento só não é mais barata que a das
grandes hidrelétricas, (dados da Associação Brasileira de Energia Eólica -
Abeeólica), visto que o país tem destaque no cenário hidrográfico mundial.
Por todos os seus benefícios
associados ao seu baixo impacto ambiental, a energia eólica promete ser grande
aliada do abastecimento elétrico mundial. Essa é uma fonte de energética com notável
potencial para competir com energias produzidas seja por meio de água, carvão
ou petróleo, com a considerável vantagem ser renovável em curto prazo.
Para
pensar... Seria essa fonte energética uma opção para um mundo independente de
combustíveis fósseis?